se a leitura do mundo acontece a partir das relações, de suas estruturas e dos processos constitutivos do que acreditamos ser ESPAÇO, um outro modo de criar e de pensar se abre através de um sobrevôo instrumentalizado pelas ferramentas de visualização e interdição acerca que imaginamos ser o planeta terra. as categorias de entendimento do espaço geográfico tenta definir uma identidade conceitual das palavras. e as palavras invocam inúmeras imagens.
se a Geografia (ciência de Estado) intenta discutir o espaço a partir dessa perspectiva cartesiana, ela também o faz na intenção de inscrever espaço dentro da lógica da bidimensionalidade representacional, distante da força do acontecimento e da contradição.
é essa “imagem” que permeia nosso imaginário sobre ciência e, principalmente, sobre espaço, que às vezes não permite reconhecermos as banalidades, o fugaz, o intempestivo, as rachaduras que as imagens se esforçam para disfarçar ou escancarar.
conversando com a teoria de Doreen Massey (2008) e experimentando velocidades e ritmos com a ferramenta Google Earth, buscamos construir intensivamente uma elaboração de novas abordagens capazes de ler o mundo em suas complexas singularidades, abarcando não tão somente outras metodologias, mas propondo o reconhecimento das espacialidades como ato político, que transgride a fixidez discursiva e tenta traçar linhas de fuga da uniformização classificatória das vivências e realidades.
como pensar o espaço coexistente ao tempo através da maquinaria orbitante e construir mundos outros capazes de produzir uma simultaneidade dinâmica, constantemente desconectada por novas chegadas e de resultados imprevisíveis pelas histórias em curso?
ana peixe, 2020
vídeo, 2’12”
Weblinks
Sempre que olhei no Google Earth aparece um céu sem nuvens, como imagens sintéticas. Mas as suas imagens tem nuvens e elas me dão a sensação de um ponto de vista mais próximo, mais real, como se estivéssemos olhando por uma lente de um telescópio no céu mesmo e não através de uma tela de computador.